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Aquele momento da vida em que você começa a pensar em tudo o que já viveu, viu, passou e fez. Todas as pessoas que conheceu, todos os amores, todos os amigos, todos os atritos e... Você já não tem certeza do que de fato aconteceu e o que foram sonhos e delírios seus. Não sabe mais distinguir o que é real do que é ilusório, os anos se esvaem e você já não consegue nem mesmo se lembrar em que mês está. Então você se pega pensativo numa madrugada qualquer, ao som de alguma música que te remeta ao passado numa tentativa patética de simplesmente não esquecer. De manter viva a memória daqueles que, por qualquer que tenha sido a razão, já não fazem mais parte de sua vida. Tentando desesperadamente lembrar com clareza de tudo o que viveu e os momentos de felicidade que pôde experimentar.

Mas é compreensível. Tudo isso é. Afinal de contas, nos últimos anos é só isso o que tem, não é? Os momentos alegres cada vez mais breves e raros, fazendo com que tudo o que já lhe aconteceu pareça ainda melhor do que se passa hoje ou o que virá daqui pra frente. Até porque, convenhamos, a vida tem se apresentado assim, não há como argumentar com a progressão desta. Então, admitir que o melhor já passou parece a opção mais sensata.